Perdi a fé. Graças à Deus perdi a fé naquele papo furado de que “andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá”. Qualquer fé por si mesma falha, até porque sobram especialistas na “arte de viver da fé, só não se sabe fé em quê”.
E não perdi apenas uma fé, perdi várias. Perdi aquela fé que se manifesta como um fim em si mesma, a fé na fé que ignora Deus como a origem e o fim da fé, mas que é considerada como o sinal máximo de espiritualidade que é produzida por gente e não por Deus. E aquelas outras que são depositadas na capacidade, bondade, unção, poder, religiosidade, cargos, títulos, instituições, campanhas, sacrifícios, desafios, obras sejam minhas ou de outros, todas estas ‘fézes’, as perdi.
Mas uma fé eu não perdi, e peço a Deus que a conserve: a fé no Filho de Deus, a única que pode me fazer vencedor, não por conquistar o mundo, o poder e os bens que nele há, mas por pouco a pouco derrotar a mim mesmo, minha natureza, meu orgulho e minha vaidade.
Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu. —Romanos 12:3 (NVI)
Ninguém tem capacidade de produzir fé, antes a recebe como dom gratuito de Deus, na proporção em que Ele soberanamente concede a cada um. E não a recebe como um fim, mas para que seja um meio pelo qual o Espírito age em cada um de nós para que alcancemos a justificação e a paz com Deus.
Pois é mediante o Espírito que nós aguardamos pela fé a justiça que é a nossa esperança. — Gálatas 5:5 (NVI)
Fé não é moeda que se usa para comprar a Deus e conseguir seu favor. Fé é favor de Deus. E ainda que eu não entenda completamente este favor, peço a Deus que me ajude a compreender com clareza a razão deste dom que recebemos para não acreditar em qualquer coisa que se fantasie de fé e passe a ser apenas mais um supersticioso.
Há sim muita loucura nesta perda de fé, mas não a loucura vergonhosa que é esta exploração da fé alheia carregada de crendices travestidas de cultos cristãos, e sim a loucura de uma mensagem que transcende a lógica humana que se resume na manipulação de poderes espirituais por meio de troca, a mensagem da cruz que é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.
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