quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pecado é pecado, doa em quem doer



A humanidade é naturalmente má. Não há nada no homem que o leve a buscar por Deus. Desde o começo dos tempos tem sido assim e não há indícios de que isso tenha mudado. Se fôssemos deixados à própria sorte, é certo que ninguém, em toda a história da humanidade, teria mais que o juízo e a ira de Deus, apenas por existir.

Todos pecamos e, mais que isso, todos somos pecado. Nenhum ser humano possui a menor capacidade de ser mais que o extremo oposto da perfeita e soberana natureza divina e, por mais que nosso orgulho nos leve a pensar o contrário, a realidade da nossa natureza humana, decaída e degenerada, não passa de vapor diante da grandeza e da santidade de Deus. Toda a humanidade por si só é cheia de vazio e escuridão, condenada ao inferno e a danação eterna.

Cada ser humano, em todas as dimensões de tempo e espaço, tem participação na rebelião do homem Adão. A humanidade que afrontou à Deus no Éden, na tentativa de ser deus, continua a confrontá-lo todos os dias e em todos os lugares, seja publicamente ou no mais profundo da sua alma. Constantemente, todos os seres humanos, sem exceção, desobedecem à Deus como num eco que repete o desejo de tornar-se como Deus, de conhecer e dominar o bem e o mal.

Todos os dias, a rebelião renasce em novas mordidas no fruto e, humanamente, a dor que deveria gerar arrependimento é anestesiada pelo conforto de transferir a responsabilidade à terceiros, assim como Eva fez com a serpente e Adão com Eva. A culpa é sempre do outro, quando não é de algum demônio ou espírito maligno a culpa é de Deus mesmo.

O pecado que deveria revelar a nudez da humanidade diante de Deus, foi banalizado quando começamos a costurar folhas para cobrir as vergonhas dos outros a fim de também costurem folhas para cobrir as nossas vergonhas.

Surge assim um processo de ressignificação do pecado, em que se atribui escala de valor e importância para o pecado a fim de eliminar o arrependimento do outro e criar um padrão de tolerância que alivie a consciência coletiva diante do erro. Nos tornamos cínicos, convencionamos que o pecado não é mais pecado, que o inferno é uma mitologia, a eternidade uma utopia, a graça de Deus desnecessária e o sacrifício de Cristo inútil. Deixamos de tratar pecado como pecado, eliminamos a ação do Espírito Santo, que mais do que manifestar obras sobrenaturais, nos convence do pecado da justiça e do juízo. Invertemos ou subvertemos valores que deveriam ser inegocíáveis, trocamos o bem pelo mal e não fazemos mais que o desejo da nossa natureza má, degenerada e corrompida. E isto é tudo o que a natureza humana deseja, descartar a Deus e tomar seu lugar.

Aquele que não reconhece sua nudez e miséria é incapaz de reconhecer a maravilhosa graça que atrai humanos pecadores ao Deus que regenera, justifica e santifica aqueles que Ele soberanamente escolheu dentre a humanidade condenada. Aquele que ignora a condenação eterna que todos merecemos, não enxerga a glória da vida eterna que é mediante a fé, por meio do Cristo homem, o único caminho para a reconciliação com Deus.

É preciso denunciar o pecado, é necessário parar de tolerar o erro, é urgente que voltemos a sentir a dor da transgressão que leva a humilhação que abre o caminho do perdão e da cura. O pecado precisa voltar a doer, não por sadismo, mas por quebrantamento, é preciso sentir a dor que dói em quem peca e em quem encontra pecado, mas não para julgamento e sim para reconhecimento da glória de Deus, para um constrangimento profundo diante de tanto amor que nos livra do mal. É preciso haver humildade no reconhecimento de nossa humanidade falível por sua natureza pecaminosa, pois só assim conseguiremos enxergar o brilho da glória de Deus que nos ilumina com graça abundante por meio de Cristo e nos salvará no juízo para uma nova vida, eterna e abundante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário